sábado, 2 de maio de 2015

De Kant e do que deve ser feito!

O que posso dizer das pessoas mal-educadas, dos sem-caráter? Que tenho pena ou vergonha alheia? Que elas me irritam/chocam/entristecem? Não. Na verdade, não tenho vontade de dizer nada. Pq não vai adiantar, elas continuarão a ser mal educadas e a não ter caráter, uma reprimenda isolada não vai mudar o que foi ensinado (ou deixado de ensinar) desde sempre. A má educação, a falta de valores morais, começa em casa, com os exemplos que são dados pelos pais, familiares, quem convive com a criança, e isso já antes da escola! Escola sozinha não educa, escola reforça a educação que é dada em casa. Se a criança cresce ouvindo que levar o brinquedinho da casa do amigo "por esquecimento" e ficar com ele não tem problema, ela vai continuar "esquecendo" quando adulta e continuará levando o que não lhe pertence.
Ah, isso acontece nas melhores famílias, alguns dirão, mas tá errado, não importa que família seja, pode ser até na real britânica, -que, aliás, acaba de ganhar mais uma princesinha- se o filho ou a filha pegou um brinquedo que não era seu, tem de devolver, não interessa se é sangue azul ou plebeu, o pai e a mãe ou quem é o responsável por essa criança devem ensinar a coisa certa ou correm o risco, pela omissão, de criar um futuro larápio. É o famoso "imperativo categórico de Kant", pra quem gosta de Filosofia, que eu muito li nos meus tempos de estudante de Direito, e que, em resumo, significa FAZER O QUE DEVE SER FEITO.
"Fazer para o outro o que gostarias que fosse feito para ti" seria uma síntese simplista do imperativo categórico, mas eu, como mera leiga e nada erudita, entendo que é mais ou menos por aí...
Antes do feriado vi uma mãe colocando um bonequinho do Imaginex dentro da mochila do filho, bem na porta da escola onde o meu estuda, e peguei um resto de diálogo assim:
-Mas mãe, esse boneco aí não é o meu, eu acho q é da caixa de brinquedos da turma..
-Ah, vamos levar esse mesmo pois se o teu sumir, tu não fica no prejuízo!
Meu pequeno, que tb presenciou a cena, arregalou o olho e, num ímpeto de criança, gritou:
-Sua mal-educada!
Eu não sei se essa mãe ouviu, se deu bola, mas me senti culpada por não ter feito isso eu mesma, um guri de 6 anos teve de me lembrar a máxima kantiana: Fazer o que deve ser feito. Ele fez.
Eu me omiti.
E omissão, como bem sabemos, não educa.